Foto: Divulgação EY |
O novo escritório paulistano
da Ernst & Young (ou
simplesmente EY), uma
das maiores empresas de
Auditoria e Consultoria do
mundo, recebeu certificação
LEED CI, categoria
Platinum. Ocupando cinco
andares da Torre Norte do Condomínio São
Paulo Corporate Towers (que também é certificado
LEED CS – Platinum), o escritório é local
de trabalho de cerca de 3 mil colaboradores e
se tornou um exemplo de como aliar sustentabilidade,
tecnologia e inovação, sem deixar de
pensar no bem-estar dos funcionários.
Ao adentrar o espaço, a primeira coisa que
chama a atenção é uma grande área de
convivência com sofás, pufes, mesas e balcões,
além de uma máquina de café e outra
de petiscos saudáveis. “Quisemos criar esse
espaço para atender os mais diversos tipos
de profissionais e deixar o ambiente melhor,
mais dinâmico”, explica Zunara Carvalho,
sócia em avaliação de Riscos, Mudanças Climáticas
e Sustentabilidade da EY.
Em outubro desse ano, o escritório recebeu
certificado LEED Commercial Interior na mais
alta categoria, a Platinum. A certificação resultou
do anseio da empresa por um selo
de reconhecimento global e das diretrizes
mundiais da organização, que já incentivam
a promoção de diversos critérios de sustentabilidade
dentro dos escritórios da EY.
Escritório do Futuro
Workplace of the Future, é o conceito para
o projeto do escritório da EY, que se baseia
numa palavra chave: multifuncionalidade.
“Temos vários escritórios no mundo, todos
têm como principal objetivo promover maior
integração entre as pessoas e incentivar o
trabalho de colaboração. Para isso tivemos
que investir em tecnologia, sustentabilidade
e integração dos escritórios a nível internacional.
O conceito Workplace prevê um ambiente
de trabalho onde não se tenha a percepção
de hierarquia. Investimos muito também
nessa quebra de hierarquia”, analisa Zunara.
Atualmente, a Ernst & Young está presente
em 728 escritórios distribuídos em 150 países. São cerca de 160 mil colaboradores. O
conceito de Workplace of the Future é aplicado
em 66 desses escritórios e os planos
da empresa preveem a expansão gradual
desses números. Segundo o Relatório Anual
2015 da EY Brasil, a mudança para esse novo
conceito de escritório “foi baseada em um estudo
global do perfil dos colaboradores, que
revelou que 50% deles já são da geração Y
e que esse número pode chegar a 85% em
2020. Essa geração tem uma necessidade de
inovação constante e, para exercê-la, busca
ambientes de trabalho mais dinâmicos, colaborativos
e flexíveis”.
Todos os espaços do escritório da EY são
considerados multifuncionais, ou seja, podem
ser usados por todos em diversas funções.
Para organizar esse fluxo, a empresa
investiu em tecnologia e criou uma plataforma
virtual (que pode ser acessada via celular)
de consulta e reserva de salas. Tal ferramenta
é integrada mundialmente, o que permite reservas
nos escritórios de outros países. “Nós
éramos um escritório de mesa fixa, e passamos
para uma estrutura de hotelling, ou seja,
temos flexibilidade no uso dos ambientes e
espaços de trabalho. Isso significa dizer que
tais ambientes tanto podem funcionar como a
sala de um diretor quanto como uma sala de
reuniões”, exemplifica Zunara.
Projeto:
EEY SP Workplace of the Future
Localização:
São Paulo - SP
Proprietário:
Ernst & Young
Área construída:
9
Foco em sustentabilidade
Elaborado pelo escritório Athié|Wohnrath,
o projeto para a Ernst & Young já planejado
visando atender as diretrizes internas da empresa
e também as requisições para a certificação
LEED. Para tal, ele precisou se atentar
a uma série de detalhes em sete pilares bá-
sicos: implantação sustentável, energia, conforto
ambiental, inovação, eficiência hídrica,
materiais e recursos e créditos regionais. A
EY também contou com consultoria do CTE
(Centro de Tecnologia de Edificações) para
obter a certificação LEED.
Com grandes janelas que valorizam a luz natural,
o escritório também conta com sensores
de luminosidade que detectam o movimento
e ligam/desligam as luzes automaticamente.
“Nos preocupamos bastante com luminosidade,
porque esse talvez seja o fator mais crucial
quando pensamos no bem-estar das pessoas
nos escritórios”, enfatiza Zunara.
Ainda visando a economia de energia e também
pensando na qualidade interna do ar,
o escritório possui um sistema de ar condicionado
inteligente. Tal sistema percebe
a temperatura no ambiente e faz os ajustes
automaticamente, o que evita o problema de
deixar o ar condicionado ligado sem ter ninguém
usando o local.
Os vasos dos sanitários e todas as torneiras
do escritório possuem redutores de fluxo de
água, o que gera economia imediata. Mas
de nada adiantariam essas medidas se os
funcionários não usassem conscientemente
os espaços. Nesse sentido, Zunara aponta
que a educação é fundamental. “Nos atentamos
para que as pessoas realmente entendam
como usar o espaço. Desenvolvemos
um guia para os colaboradores, explicando
como usar os ambientes do escritório pensando
não só em si, mas também no outro.
Porque o bem-estar está muito relacionado
ao impacto que você causa no outro”.
As mudanças visando a redução de resíduos
também foram significativas. Cerca de 80%
das impressoras do escritório foram desativadas,
o que desestimulou o uso do papel.
A empresa adotou uma política de mesas
limpas, ou seja, manter o menor número possível
de objetos e pertences na mesa. Isso se
alinha com o conceito de multifuncionalidade
dos ambientes, conforme lembra Zunara.
“O colaborador tem que pensar toda hora no
conceito do projeto, isso significa dizer que
ele não deve trazer nada ao espaço que o
faça se fixar ali”, explica.
Em relação ao descarte de resíduos, as lixeiras
foram retiradas das salas, também visando
desestimular a geração de lixo. Na área
de convivência, há lixeiras para cada tipo de material, incentivando a coleta seletiva.
O descarte posterior desses materiais fica a
cargo do condomínio que, por também ser
certificado LEED, possui uma série de diretrizes
quanto ao destino final dos mesmos.
O antes e o depois
Desfrutar de um espaço certificado LEED significa
lembrar que os processos para se chegar
até ali também precisam estar de acordo
com uma série de diretrizes. Zunara salienta
que, durante a fase de execução do projeto,
foram tomados diversos cuidados que muitas
pessoas nem imaginam. “Nos atentamos
para manter a obra ventilada e o mais limpa
possível, além de fazer a coleta e o descarte
correto dos resíduos da construção. Foi feito
também serviço de controle de poeira e de
ruídos”.
Além desses cuidados, também houve
a preocupação para que todo o mobiliário
tivesse origem local. “Fizemos um controle de
quais seriam nossos fornecedores. Só para
exemplificar, até a madeira que usamos em
nossos rodapés segue uma série de especificações,
é certificada”, complementa.
Quando questionada se todo o esforço valeu
a pena, Zunara não tem dúvidas: “Com certeza
valeu e ainda valerá muito mais! Porque a
ideia por trás de ter um escritório como esse
é crescer. E crescer não só nó fisicamente,
mas em todos os sentidos”, finaliza.
*reportagem originalmente publicada na edição 11 da Revista GBC Brasil.